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Regulamento das competições nacionais muda com a CRF 230F fora de linha?

Diretores de Motocross, Velocross, Cross Country, Enduro e Enduro de Regularidade comentam

Crédito: Redação MX1.com.br - Maurício Arruda - Fotos: Divulgação Honda

Honda CRF 250F e Honda CRF 230F são amplamente utilizadas em competições de Motocross, Velocross, Cross Country, Enduro e Enduro de Regularidade no Brasil

Enduro , Motocross , Velocross | 10/02/2021

No início do mês, a Moto Honda da Amazônia anunciou oficialmente que a CRF 230F deixou de ser produzida no país. Motocicleta off-road nacional mais vendida da última década, a veterana Honda CRF 230F abre espaço na linha de produção para a CRF 250F - um movimento já esperado pelo mercado, afinal o novo modelo atualmente é o mais comercializado do segmento no país.

Apesar de ambas originalmente serem voltadas ao lazer, no Brasil elas também são amplamente utilizadas em competições de Motocross, Velocross, Cross Country, Enduro e Enduro de Regularidade. Assim, a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) conversou com os diretores responsáveis por estas modalidades, para esclarecer se as categorias voltadas aos modelos nacionais passarão por mudanças nos regulamentos em 2021.

Confira abaixo o que eles disseram.

Motocross

O Motocross é uma das modalidades mais apaixonantes do esporte a motor. Há anos a categoria "Nacional" recebe pilotos a partir dos 13 anos - ou 15 nos caso das meninas - que desejam ir para as pistas em cima de uma motocicleta fabricada no Brasil.

O Regulamento do BRMX 2021 diz que "na classe Nacional, as motos deverão preservar as características originais do modelo do fabricante; homologadas e de fabricação nacional; Não é permitido uso de peças especiais ou importadas, somente do modelo da categoria; Carburador, suspensão e freios são permitidos apenas os itens originais trabalhados, nas motos 230cc serão permitidos agregar freios a disco da 250F, os aros de rodas deverão permanecer nos diâmetros originais".

Desde que chegou de fato ao mercado, em 2019, a CRF 250F é aceita nas corridas da classe, por isso tais alterações foram permitidas no modelo de cilindrada mais baixa. "Não muda nada para nós, já que já tínhamos previsto essa mudança e liberado a cilindrada" diz Wesley "Pakito", diretor de motocross.

Os pilotos amadores interessados em participar da categoria devem se atentar às mudanças que podem fazer no veículo. Uma moto que, para correr precise de uma alteração não permitida, não será aceita. "Permitido alterar: acelerador, guidão, manetes, mesas, pedaleiras, cdi, relação e escape", especifica o tópico 3.1 do regulamento.
 
Velocross

O BRVX 2021 possui cinco categorias que abrangem as motos de produção nacional com 230cc: Nacional 250cc Pró (14 a 55 anos), Nacional Força Livre (15 a 55 anos), VX 3 Nacional (35 a 55 anos para homens e 14 a 55 anos para mulheres), VX 4 Nacional (40 a 55 anos), VX 45 Nacional (45 a 55 anos) e VX 50 Nacional (50 a 65 anos). Para todas elas o limite de tolerancia é de 2%.

No Velocross, a CRF 230F já era uma das mais básicas utilizadas nas corridas, tanto na categoria que ela mesmo disputava quanto quando era usada como base para a troca do motor em outras classes. "Não resta duvida que é uma perda significante, mas não mudaremos nada no regulamento, pois ele permite que quem tenha ela a continue ultilizando. Aos poucos, com a evolucao do mercado, esse modelo seria naturalmente substituido pela CRF 250F, então nos adiantamos para receber tanto as 230cc quanto as 250cc", afirma Jair "Bigode", diretor de velocross.

As especificações técnicas de cada categoria podem ser encontradas nos tópicos 3 e 4 do regulamento.
 
Cross Country

No Cross Country, em que as provas são disputadas em um circuito curto na mata após a largada no gate, a CRF 230F também faz presença. O tópico 3 do regulamento de 2021 da modalidade mantém duas categorias que permitem apenas motos de fábricação brasileira: a XCN Nacional, criada para modelos até 230cc de 4 tempos, e a XCNF Nacional B, que não restringe a quantidade de cilindradas, mas exige que o veículo seja brasileiro - em ambas a idade para competir é aberta.

A modalidade alterou, há mais de um ano, as especificações da XCN Nacional. Os pilotos já puderam ir para pista com a nova CRF 250F ou até mesmo com a CRF 230F com alteração no motor, para que atingisse 250cc. "Trabalhamos nessa linha porque já era de se esperar que a CRF230F sairia do mercado. Isso é triste, nos apegamos a ela, mas bola que segue, né?", fala Amélio "Escadinha", diretor de Cross Country da CBM.

 Enduro

Saindo das pistas e indo para as trilhas, de fato, a situação não é muito diferente. Uma das competições de resistência em terrenos acidentados mais populares do mundo também utiliza a CRF 230F em sua provas. O Enduro possuí a categoria "Nacional Amadora", que aponta no tópico 6.2.1 de seu regulamento que "para a participação na categoria ENA os pilotos devem utilizar motocicletas que tenham até 250 cc (duzentos e cinquenta centímetros cúbicos) e sejam refrigeradas a ar".
 
Ou seja, quem possuí a 230cc pode correr com ela original ou com o motor preparado, desde que mantenha o chassi original e que se utilize o cilindro original do modelo da moto. "Vai haver impacto nas pistas, mas o nosso campeonato já prevê motos até 250cc na categoria, o que nos tranquiliza", fala o diretor da modalidade, Francisco de Assis Aquino.
 
Enduro de Regularidade
 
No Enduro de Regularidade - modalidade típicamente brasileira - a CRF 230F é muito utilizada na classe "Brasil", mas o espaço para a de cilindrada maior foi aberto há muito tempo. "A saida dela [CRF 230F] já era prevista com o lancamento da CRF 250F. O pessoal vai sentir o impacto, afinal é uma moto mais cara, mas vai ser mais nas trilhas do que nas competições oficiais", diz o atual diretor da modalidade, Gustavo Jacob.
 
Rally
 
A modalidade Rally, nas suas versões Rally Baja e Rally Cross Country, também foi marcada pelo uso da CRF 230F. Bilssinho Zavatti, piloto oficial Honda, fez história com o modelo e até ganhou o apelido de "Rei da 230cc". O atleta de Monte Alto (SP) triunfou após se tornar tetracampeão do Rally dos Sertões e campeão brasileiro de Rally Cross Country em 2018, na categoria Brasil. Em 2019, foi novamente campeão brasileiro da classe, mas já com a CRF 250F - moto que estreia com título nos ralis nacionais.

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